A Importância da Fiscalização nos Abrigos
Temos
nos últimos dias conversando muito dentro da causa adoção sobre: laços
afetivos, direitos das crianças, reformas nas Leis do ECA, fiscalização nos
abrigos, na morosidade do judiciário. E acabamos esquecendo que em muitos
abrigos não está acontecendo a fiscalização do MP (Ministério Público),
principalmente nos interiores dos estados e em locais isolados e de difícil
acesso, me atentei para esta situação devido a algumas visitas em abrigos no
interior de um estado e em conversa com o Administrador deste local, o mesmo
relatou-me que jamais tivera uma visita do MP e fiquei observando durante um
dia como as crianças e adolescentes tinham suas rotinas e tratamentos, neste
local eles não tinham psicólogo, assistente social, no mesmo local funcionava
um abrigo para idosos, a escola é no mesmo lugar... A estrutura do local é
bonita, tem piscina, quadra de esportes, mas não vi ninguém brincando, somente
chegando um pequeno caminhão com crianças e adolescentes chegando do trabalho
na roça, que supostamente parecia ser uma terapia ocupacional. Meu esposo, como
já foi um menino abrigado, sorriu para os meninos e perguntou: “Qual é a melhor
parte do trabalho na roça?”, um menino de no máximo 9 anos falou, rapidamente: “A
hora da comida!”. Este abrigo é mantido por uma igreja, doações locais, verba
municipal e outra estadual, segundo o coordenador do abrigo. Detalhe: este
abrigo está instalado no interior e em local de zona rural e difícil acesso.
Eu
poderia enumerar diversas visitas “in loco”, que fizemos em vários abrigos, mas
cito este como um exemplo claro, que muitas crianças e adolescentes realmente
não tem seus direitos assegurados por Lei e que realmente nem todos os abrigos são
fiscalizados. A denunciar o local, pois não estivemos lá só uma vez, percebemos
que nada ocorreu e nada mudou; até porque sozinhos, pouco conseguimos fazer,
isto gera uma impotência e frustração, pois não podemos fazer nada.
É
muito importante falar em atitude adotiva correta, ter teorias baseadas em
estudos, agora na prática muitas de nossas crianças estão esquecidas em lugares
como este... Acredito que a verdadeira atitude adotiva é estar “in loco” e
perceber o sofrimento e descaso com estes “filhos de ninguém” ou “filhos do
tempo” e começarmos a ter a verdadeira atitude adotiva que é tentar ajudar o
judiciário olhar para estas crianças e adolescentes, colaborando para que os
mesmo tenham seus direitos garantidos e ter o direito de ter uma família e ser
chamado de filho.
Sei
que trabalhar voluntariamente não é fácil, e poucos são voluntários que se
dispõem retirar de seu tempo e de seu bolso para custear algo em prol do
próximo, pois aqui no Brasil essa cultura de voluntariado ainda é muito fraca,
eu sei, pois trabalho como voluntária na causa e trabalho com muita
dificuldade, pois todos os meus gastos e tempo são retirados dos recursos
pessoais da nossa família, e tenho dificuldade de encontrar pessoas que queiram
assumir alguma responsabilidade. Na grande maioria, observo o seguinte: Não é comigo, finjo que não estou vendo!
É
momento de acordar pessoal, e nos fazer mais presentes nesses locais e que
possamos contribuir para que essas crianças e adolescentes não virem objetos
nas mãos de pessoas mal preparadas, ou mal intencionadas, que realmente estão
desrespeitando as Leis do ECA e todos os direitos assegurados às crianças e adolescentes.
Deixo
a sugestão que sejam criados grupos em cada estado que ajudem a fiscalizar
esses locais e levar ao MP as denúncias, mais grupos atuantes que vão ao local
mesmo, e sintam a dor destas crianças e façam acontecer! Ficar parado vendo
tudo ocorrer e não fazer nada é ser conivente com tamanha crueldade e crime. Fica
a minha indignação e minha solidariedade às crianças e adolescentes, esquecidas
ainda em muitos locais e estados no Brasil.
OBS:
Existem sim, em alguns estados, grupos bem atuantes, mas ressalto que ainda
falta muito em diversos estados.
Abraços fraternos, Fernanda Benitez!
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