Olá Amigos!!
Essa é a matéria especial que falei no último post. Uma história emocionante contada de forma bem humorada no Programa do Jô, pelo próprio protagonista Roberto Carlos Ramos.
Mesmo contada de forma bem humorada, podemos perceber todo sofrimento que Roberto passou em sua vida, e o quanto o poder do amor transformou a vida do menino que era considerado irrecuperável. É por isso que coloquei esse título no post “O Amor Transformador”. São 7 vídeos em 1, tentei postar esse, mas só está rodando o primeiro, então vou ter que postar um a um mesmo.
Vale a pena assistir cada segundo. Preparem-se para rir e chorar. Espero que gostem.
O contador de histórias que vai para as telas de cinema
Conheça Roberto Carlos, ex-interno da Febem que teve seu caminho modificado por um encontro. Hoje ele é pai de 13 filhos adotivos, viaja o mundo para contar essa história e vai estar, em breve, nas telas do cinema com produção de Denise Fraga
Por Thais Lazzeri
Roberto Carlos Ramos, 43 anos, parece ainda não acreditar que a sua história de vida vai ser contada, em breve, nas telas do cinema. Ele é o personagem principal do longa O Contador de Histórias (Warner Bros. Pictures), dirigido pelo cineasta Luiz Villaça, 43 anos, e produzido pela atriz Denise Fraga, 44 anos, com estreia prevista para agosto deste ano. Poderia ser mais uma trajetória de abandono vivido por uma criança carente que esteve na Febem (atual Fundação Casa). Mas não é. Mostra como a solidariedade deu um novo rumo à vida de Roberto (no filme, interpretado por Marcos Ribeiro, Paulinho Mendes e Cleiton Santos), pedagogo e pai de 13 jovens, todos frutos da adoção. Generosidade gerou generosidade.
Luiz conheceu Roberto graças a um livro. Nino, 11 anos, filho mais velho dele com Denise, ganhou da avó no Natal de 2001 O Contador de Histórias (Ed. Leitura, fora de catálogo), um livro para crianças escrito por Roberto. Luiz surpreendeu-se especialmente com o último capítulo, com a trajetória do contador e percebeu ali um filme. Conversaram pouco depois, em 2 de janeiro. Em 2007 começaram a rodar.
Tudo o que era filmado Luiz assistia, à noite, na companhia dos filhos. A vida de Roberto Carlos em um filme foi uma forma de abordar com sutileza temas complicados para as crianças. Perguntas nada fáceis de explicar. “Uma vez falei que criança não trabalha. Aí você sai de casa e tem uma garotada no farol. É explicar o inexplicável”, diz Denise.
Imagens de bastidores e cenas do filme, que foi acompanhado de perto pelos filhos de Luiz e Denise. Ela diz que todos aprenderam com esse convívio. Acima, Roberto Carlos diverte adultos e crianças contando histórias em uma praça
A Trajetória
Roberto é desenvolto, não tem aquele jeito discreto pelo qual os mineiros são reconhecidos. Sua trajetória não começa no seu nascimento, e sim aos 6 anos de idade, quando entrou na Febem. Na década de 70 vivia com a mãe e mais oito irmãos na periferia de Belo Horizonte (MG), quando uma assistente social visitou a casa da família. “Ela convenceu minha mãe que naquela instituição eu teria uma profissão. Falou como se fosse um colégio particular do governo. Mas minha mãe não imaginava que lá as crianças sofreriam maus-tratos. Só recebia visitas uma vez por mês”, afirma Roberto. Por tudo isso, ele diz, fugiu pela primeira vez com 7 anos. Aos 9 foi transferido para o interior e perdeu o contato com a mãe. Com 13, bateu o recorde de fugas, 132 vezes, e ficou conhecido como “irrecuperável”.
Roberto não poderia prever, mas um encontro mudaria sua história. Marguerit Duvas, pedagoga francesa, visitou a Febem e conheceu o lugar pelos olhos dos funcionários. Por isso ficou surpresa quando encontrou Roberto sentado em um banco do lado de fora da instituição. Ela queria entender por que o garoto fugia tanto. Ele não titubeou. “Perguntei: ‘Eles mostraram o pau de arara para a senhora? As celas?’ Foi a primeira vez que alguém me ouviu e acreditou em mim.” Nesse encontro, Marguerit perguntou como poderia mudar a realidade daquele menino. E mudou.
Roberto foi morar com ela na França. Aprendeu a ler e escrever. No começo, conta, sentia medo de dizer que gostava dela. Aos poucos reconheceu que tinha um amor por ela parecido com o que sentimos por uma mãe.“Ela adorava ouvir minhas histórias. Os professores e meus colegas da escola diziam que eu tinha talento para fazer aquilo. Eu, que antes era considerado delinquente, passei a ser talentoso (risos).”
Depois de contar muitas histórias decidiu que era a hora de retomar a dele, e, com 19 anos, retornou ao Brasil. Estudou Pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais e decidiu começar por onde poucas vezes ouviu uma história: na Febem. Roberto ri quando lembra desse momento. “Tinha gente achando que eu estava tramando algo (risos).” A primeira turma abrigava nove alunos. Depois da hora do intervalo, apareceram mais de 30 vindos de outras classes. Assim as crianças aprenderam matemática e português.
Por um momento mágico
Depois de trabalhar em alguns lugares, como colégios particulares e faculdades, Roberto decidiu que queria alcançar mais pessoas. Viajou para Minas e algumas capitais com um carro (que se transformava em palco) para contar histórias. Chegou a reunir 4 mil pessoas em uma praça. Agora as viagens são pelo mundo inteiro, e ele entretem adultos e crianças. “É um momento mágico entre quem conta e quem ouve. Os pais sabem disso. O filho não quer só que você repita, quer também a emoção de estar junto. A criança que ouve uma história nunca esquece”, diz.
Foi contando histórias que Roberto conheceu Alessandro, ex-aluno na Febem. Os outros professores diziam que era “irrecuperável”. Roberto reconheceu a própria história no menino. Foi o primeiro dos 13 filhos que adotaria. Todos eles fizeram um acordo com o pai. Quando tivessem condições emocionais e financeiras para ajudar alguém, cada um “adotaria” uma criança carente até ela conseguir ajudar outra, e assim por diante. Roberto diz que esse projeto não tem nome. Tem, sim. Chama-se família.
Esta é uma reportagem do Projeto Generosidade.
Fonte: http://revistacrescer.globo.com
0 comentários:
Postar um comentário