quarta-feira, 8 de abril de 2009

Janaina e sua Grande Família

A Chegada de Daniel

Meu nome e Janaina Viera,tenho 46 anos e meu marido 47 e somos casados ha 25 anos. Desde o tempo de namoro que pensávamos em ter filhos adotivos, mesmo que pudéssemos ter os biológicos.

Esse sonho/projeto ficou guardado por mais ou menos 11 anos. Tivemos nossos filhos biológicos: Priscila, hoje com 24 anos e Gabriel, hoje com 21. E não queriamos sair "a cata" de um filho adotivo, mas romanticamente esperávamos que ele aparecesse.. Queriamos na verdade alguma espécie "acontecimento" especial que nos levasse a ele.
Em 1992 nos convertemos a religião crista, e esta igreja que começamos a frequentar possuía um abrigo para crianças e adolescentes em situação de risco. Um dia, por conta de uma viagem precisei parar lá. Conheci todas as crianças e fiquei muito impressionada com o trabalho que era feito. Conversei com meu marido e com a diretora da instituição e o sonho/projeto começou a ser relembrado.

Uns dias depois a diretora me telefonou porque eles tinham um bebê correndo risco de morrer. Ele já tinha sido internado varias vezes com diarréia, vomito, febre alta e outros problemas, mas os médicos em parceria com a enfermeira do abrigo,não conseguiam detectar nada físico que justificasse esse quadro repetitivo. Decidimos ir conhecer o menino. Quando chegamos lá (eu e meu marido) o bebê era um amontoadinho de pano, respirando de maneira ofegante. Peguei aquele corpinho de leve por que parecia que ele ia quebrar. Ele tinha 7 meses, pesava 4 quilos e tinha lábio leporino. Uma ternura imensa me invadiu. Uma certeza de poder fazer alguma coisa.

Olhei para o meu marido e, Maciel fez a coisa mais linda que eu já presenciei um pai fazer: Imagine um homem de 1.85m, pesando mais de 100 quilos, pegar um bebê definhando, elevar até a altura dos olhos e dizer: e ai rapaz? Eu sirvo para ser seu pai?
Não precisa dizer que me derreti até a raiz da alma.

Iniciamos então o processo de adoção. Acompanhados pela diretora e pela assistente social da instituição fomos ao Fórum e conseguimos no mesmo dia uma guarda urgente para cuidar desse bebê em casa. E iniciamos nosso processo de cadastramento e pedido de guarda permanente com vistas a adoção.

Bem, tudo seguiu pelos tramites legais, (levou 5 anos!!!!). Hoje meu filho número 3 na fila de idade e número 1 na fila de adoção- tem 14 anos. E saudável, feliz e muito, muito amado por nós. Não consigo imaginar minha família sem ele.
Tenho mais dois filhos adotivos, mas essas são historias para outro dia!

A Chegada de Vanessa

Quando eu e Maciel conhecemos o Daniel no abrigo, havia uma mocinha de mais ou menos 15 anos que tomava conta dele. Ela era uma mulata muito emburrada e brava. Seu rosto dizia: fique bem longe de mim. No dia que o juiz determinou que Daniel fosse conosco para casa todas as crianças vieram se despedir dele, menos ela. Ela se trancou em um dos quartos e uma outra adolescente veio me pedir que para leva-lo para ela.

Permiti, mas confesso que achei um pouco de birra daquela mocinha mau-encarada.
Passados alguns meses fomos a uma festa da igreja com Daniel (agora com 12 quilos- acreditem ele "explodiu" como uma pipoca), levado, bagunceiro... e, encontramos a mesma mocinha que ao vê-lo, encheu os olhos de água. Pensei: puxa, tem um coração atrás de tanta braveza! Comecei a conversar com ela, embora as respostas fossem monossilábicas. Ela brincou um pouco com Daniel e... a festa acabou e fomos embora.
Por conta dessas coisas que só papai do céu explica, meu marido foi trabalhar na administração deste abrigo e pouco tempo depois essa mocinha saiu (fez 18 anos) e foi morar sozinha.

Passaram-se mais dois anos e agora o abrigo mudara-se para São Paulo e ela fora chamada para trabalhar como funcionaria. Meu marido assumiu a direção e eu a assistência administrativa do abrigo, tempos depois e convidou-a para ser nossa secretaria, por conta de sua competência. Nessa época ela já era mais acessível e aos poucos foi-nos permitindo a entrada em seu coração, principalmente eu, como mulher. Conversávamos muito e comecei a visualizar o grande vazio que a falta de uma família fazia nessa moca.

Toda aquela braveza era apenas defesa. Nossos filhos mais velhos travaram amizade com ela, o mais novo já era velho conhecido, e eu Maciel começamos a ser uma espécie de "gurus" para ela. Um dia, arrumando os documentos dos funcionários deparei com o RG dela. No lugar de pais estava escrito *******, aquilo me deu uma dor tão grande. Algo tão simples para todos nos, como preencher o nome dos pais em uma ficha, lhe era negado.

Conversei com meu marido que concordou em "preencher a ficha" e, é claro, conversamos com a família. Marquei um café com Vanessa e abri meu coração. Disse-lhe que a amava muito, mas queria ser mais que uma amiga, queira ser MAE. Existem situações que amigas, por mais que queiram, não podem intervir, mãe pode! Ela ficou emocionada e prometeu pensar. Era muita mudança!!! Mas, ela topou! Reunião de novo! Maciel teve uma daquelas "conversas de pai" com ela. Afinal ela já tinha 25 anos! Nos precisaríamos aprender a definir a linha do respeito e da exigência. O que "precisava" ser mudado e o que "precisava" ser aceito.
Quando você adota uma pessoa "pronta" precisa tomar muito cuidado com suas expectativas de mudança para ela. Porque você corre o risco de estar dizendo a pessoa"eu quero outra pessoa e não você".
Estamos neste processo ha quase 5 anos! Amo minha filha Vanessa de paixão e sei que sou amada por ela também! Nossa família não e perfeita, mas é completa porque ela esta aqui!
Existem muitas mães buscando seus filhos, dou graças a Deus que eu encontrei os meus!

Beijos
Janaina Vieira
PS- muitas pessoas não sabem mas pode adotar pessoas maiores de idade legalmente, basta que o adotante tenha no menino 16 anos a mais que o adotado.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo!! Estou emocionada demais!! Obrigada por compartilhar essa linda história!!

Anônimo disse...

Linda a sua história.Parabéns!
Também sou mãe adotiva de duas crianças lindas adotadas há dois anos. A menina vai fazer seis anos e o menino tem quatro.

Anônimo disse...

Linda a história e bom saber que nesse mundo existem pessoas com coração de ouro!

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